sábado, 25 de setembro de 2010

O Estado do Orçamento

Quem me conhece, bem sabe que não sou rapariga de politicar muito a vida, ou seja, dou pouca importância aos telejornais na parte das queixinhas e troca de galhardetes da Assembleia da República.

Considero porém que é impossível, mesmo ao mais distraído português, não sentir, nestes últimos tempos, que algo vai mal, neste cantinho à beira mar... onde há 36 plantamos uma revolução para mudar a ordem das coisas e banirmos a ditadura.
Não sou das que alguma vez pedi a mão de Salazar de volta. Não me faz falta lembrar a miséria contada e alguma até sentida, desse absolutismo.

Vivemos agora os contrários do outrora. Senão vejamos:
À miséria contrapõe-se o desperdício.
À censura, o sensacionalismo.
Ao medo, o descaramento.
À injustiça, uma justiça sem nexo.
E ao heroísmo, a corrupção.

Também não sou das que penso, embora às vezes o diga, que deviam-nos anexar de novo a Espanha. E fico até ofendida, quando deparo, ou antes, não deparo, na capital de Portugal, aquando a emissão dos boletins meteorológicos internacionais, dando azo, como todos sabemos, a que parte dos estrangeiros pensem que o nosso país é uma província espanhola e consequentemente a nossa capital é Madrid( essa sim já figura na dita informação).

Tenho, sem dúvida, o secreto desejo de mobilizar a nação e mostrar que a espada de D. Afonso Henriques ainda corta o que é preciso para reerguer o nosso patriotismo e garantirmos aos filhos dos nossos, a opção de querer cá viver, sem recorrerem a subsídios e rendimentos da preguiça que é grande inimiga da dignidade de ser português ou portuguesa.

Agora não me perguntem a melhor forma de lá chegar, pois não vos sei responder: muito menos sucintamente. Só vos quero exprimir a sensação de que teremos de recomeçar por algum sítio e não esmorecer ao primeiro entrave.
Padeiras de Aljubarrota não nos hão-de faltar e já agora vos digo que não há certeza absoluta de que D. Sebastião tenha perecido e por isso podemos continuar a desejar...


Desta vossa portuguesa;

GU

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Blá Blá

Pois é meus amigos, muitas vezes penso que tenho a profissão do blá blá.
Dantes a melhor designação para a mesma, seria a de caixeira viajante, embora penso que pertencia mais ao género masculino.
Bem burras eram as representações passadas, por não admitirem e aproveitarem o poder argumentativo, de persuasão e de exagero do clã feminino.

Na nossa classe, sexualmente falando, há as moscas mortas e as fala barato.
Eu pertenço, sem demagogia alguma, à última. Há um dia por outro ( o meu marido assegura que são mais) em que me mantenho de mau humor quase as 24 horas, zangada muitas vezes com não sei o quê.

Tenho um colega de profissão, pertencente à espécie masculina, outra vez sexualmente falando, porque o sobrenome Robalo, faz-me sempre lembrar, sem ofensa, a minha ida ao Modelo...
Voltando ao que vinha, o Sr. Ângelo Robalo que é conhecido por muitos como o "pobre alegrete", sempre com a piada na ponta da língua (ou da guelra:), costumava justificar a sua postura de vida por se lembrar um belo dia( parece-me que foi um domingo ) ter acordado e decidir logo nesse primeiro momento, que iria andar aborrecido durante uma semana, para ver se a vida lhe sorriria da mesma forma: pobremente.
Qual não foi o seu espanto, transmitiu-me ele, que passado oito dias continuava sem cheta, malgré a aposta de 4 euros no Euromilhões , preenchido de cara fechada, e do qual só se safou uma estrela com o seu número de fé: o quatro.
Ora a conclusão foi a óbvia: mais vale alegrete pobre do que tristete, pobre também.

Pois, mas com isto perdi-me ao que vinha: dar-vos a conhecer a minha forma de vida, agora profissionalmente falando, para vos ir prevenindo que muitas estórias ireis ler da minha história das vendas.
Há que admitir que é dos empregos com mais diversidade de experiências humanas. Aí, tanto eu como o Robalo, somos N de ricos.

Quando me quero armar, costumo dizer que a minha ocupação tem de muito de psiquiatra, antes de psicóloga, porque pelo que sei a primeira pode escrever receitas e, nesse campo, o mais parecido foi talvez o dia em que dei um Benuron 500, que trago sempre comigo, à Maria do Céu de Fiães, cliente cuja máxima é de que as suas vêem pulgas em Roma.

Agora que o meu marido me chama para ir para a cama (digam lá se não é delicioso este pormenor descritivo a roçar a revista do paparazi pimba?), só tenho tempo para vos dizer que hoje estou contente com a vida e prometo voltar à carga para quem quiser saber mais.Para quem não quiser o meu muito obrigada por existirem e me darem força, sem querer, de provocar com o que vocês intitulam de "maluquices".

Da vossa Maluquinha de Baguim;

Gu ( Blá Blá)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O meu 25 de Abril

Suponho que tenha sido o Zeca ( o Afonso) que tenha redigido a frase:

"Não há machado que corte a raíz ao pensamento"

E tenho a certeza que nunca chegou a saber que cantá-la me custou uma bela bofetada, daquelas que popularmente se diz " ficar de cara ao lado", administrada pela mão pesada do meu pai, que poucas vezes a usava para esse efeito, justiça lhe seja feita.
A culpa desse gesto deveu-se a outro Zé ( o meu primo), que à laia de querer vir estudar para ser padre, teve de ficar uns dias em nossa casa, antes de dar entrada no seminário Bom Pastor, em Ermesinde.

Passados 40 anos desse episódio da minha vida, não o reconhecerei, com toda a certeza, atrás de um qualquer altar, mas não se apagará, além do comentado tabefe, a alegria de o ver trautear poemas tão cheios de imagens que até para mim, com apenas duas mãos cheias de anos, me faziam sonhar com algo que não sabia explicar até àquele dia 25.

E foi assim que pela primeira vez ouvi falar de comunistas, apresentados como os verdadeiros culpados do derramamento provável ( agora sei que só provável) de sangue. Tenho a informar o partido que esse boato lhes tem custado, desde então, um voto.

O antes faz-me pensar na licença da televisão, nos fiscais(futura ASAE ?) da mercearia dos meus pais e que instauraram a caça à multa, a roupa para ir à missa, o leite não pasteurizado que agora se designa leite do dia, a colher diária do óleo de fígado de bacalhau, para ter direito à refeição escolar grátis e , entre muitas outras, a sensação do medo inerente.
Seria ilógico não me referir à guerra do Ultramar , igual ou não a qualquer outra, mas de certeza tão estúpida , que além de matar, literalmente muito decepava: física e espiritualmente. Não sei se será perdoável perante o cenário descrito, dizer que eu era feliz...

O depois traz-me o desejo de gritar, em jeito de continuação à canção inicial que "porque é livre como o vento": o pensamento. Então lembro a liberdade de expressão, os centros comerciais, o usa e deita fora (reciclando, se possível), a Internet, palavra que dá erro se escrever com letra pequena( vá-se lá saber porquê!) e a vontade de pedir que se reescreva a revolução, nem que apenas um bocadinho, por cada um, todos os dias, se possível de manhã que é quando começa o dia e em que temos obrigação de sentir que vale a pena mudar para melhor. E garanto, que às vezes, também sou feliz...



Da vossa revolucionária amiga;

Gu

P.S.: Soube (pelo amigo Google) que afinal a canção a que me refiro foi escrita por Carlos Oliveira e cantada por Manuel Freire, mas mantenho o texto por achar que tinha assentado muito bem ao Zeca e por ter sempre acreditado que era dele .

p.s. do P.S.: e por um um nadinha de preguiça ?