domingo, 29 de maio de 2011

Desabafo Pré - Eleitoral

E para que não digam que só sei falar depois, vou fazê-lo antes de.

Começarei por dizer, que a minha profissão me permite constatar que já não há mais crises como as de outrora. Pelo menos, como aquela que me falava a minha tia (da parte do meu marido) Mid . Por cima dos seus quase 80 anos referia já ter passado por muitas e continuava a considerá-las úteis para " acabar com os paraquedistas " . Proprietária de uma pequena ourivesaria na Rua Passos Manuel, da nossa invicta urbe, talvez as vantagens agora, depois do seu nonagésimo aniversário, se sobreponham a essa e, a sua veia de agiota engordado com o sangue dos outros, já para não falar no suor e lágrimas de quem lá deixa as joias de família largamente descompensadas.

Mas já que habituei os meus seguidores ( poucochinhos, talvez devido à crise! ) a catalogar os temas, aqui vão algumas das variedades para o presente assunto:

Crise financeira- a mais vulgar e persistente
Crise de personalidade - a que mais me aborrece (ou afeta?)
Crise existencial - essa não será mais com Deus?
Crise espiritual - a que tem mais sinónimos
Crise política - Ver título...

...e haveria muitas mais, embora para aqui pouco chamadas.

E por falar em chamar, queria atrever-me a fazê-lo aos milhares de portugueses que irão votar no próximo domingo e, principalmente, aos que dizem não valer a pena e enfolarem-se ao justificarem, despejando frases a cheirar a podre.

Já que se fala tanto da utilidade do voto ou do voto útil, que não será a mesma coisa, mas que para mim serve, por desaguar naquilo que quero exprimir e que é:

Chamem-me o que quiserem, bem o que quiserem não, mas podem chegar a intitular-me de um pouco idealista e até idiota - como vem tudo de ideia, não me importa.
E a a ideia que eu tenho é que não faltam dessas coisas em Portugal ( refiro-me às ideias ), embora cada vez menos as que crescem e muito menos as que são postas em prática.

Estão ilibados (não se leia perdoados), os que não viveram o antes 25 de Abril do ano de 1974, mas considero culpados, com prisão efetiva e, acima de tudo afetiva, os que por lá viveram e testemunharam a injustiça da guerra do Ultramar, a fome sem subsídios, a expressão silenciada, os deveres sem direitos. Mais que tudo a paixão dos torturados e dos que morreram a acreditar que os seus filhos seriam mais livres.

Poderei até estar de acordo que a partir do dia 26 de Abril, do mesmo ano, muitas das boas intenções, do dia anterior, degeneraram e obrigo-me aqui a admitir o sectarismo, a burocracia,a corrupção e o nojento abuso de poder, talvez em nada diferente ao de Salazar e outros que tais.

Sim, é verdade que até se pode comparar o incomparável.

Sim, é também verdade que ficando em casa a ver primeiro as sondagens e depois os resultados, teremos mais dignidade, sentados no belo sofá, sabendo que nesse mesmo dia cumprimos o desejo de tantos que já não têm voz. E reparem que não me refiro aos apoiados pelos pequenos partidos sem assento. Porque esses, graças aos outros, sempre se podem fazer ouvir. Para isso bastará colocar uma cruz ou então ir lá e não não a colocar, percebem? Ou tenho de fazer um desenho?

Com ironia se despede esta vossa livre amiga;

GU