sábado, 20 de novembro de 2010

O cair da folha

Vi-me hoje confrontada, por alguém que muito me diz, a continuar esta minha odisseia.
Sem grande inspiração resolvi substituir o "falar por falar" pelo "escrever por escrever".

Vai daí, lembrei-me das estações do ano e mais precisamente do outono: o meteorológico e o da vida.
Do primeiro toda a gente sabe que com ele vêm os dias mais pequenos, a chuva, o frio, a paisagem amarela acastanhada e o desejo de tudo que é mais quentinho.
Do outro (o outono da vida) posso dizer que em tudo se assemelha. A vida torna-se mais rápida e nem os momentos menos bons escapam à fugacidade. Põe-se em dúvida o que era como certo e começa a escapar-nos a capacidade de nos sabermos capazes de enfrentar a proximidade de uma estação mais agreste.
Há, por vezes, lampejos de esperança e os dias do Santo Martinho em que o sol se apresenta a armar-se em dias de verão, dão um novo sentido ao acordar.
Para mim há dias de outono tão bonitos de alegria aos de uma primavera ou verão. O espírito é que manda. Quando essa parte de nós está disposta (bem) consegue retirar de um dia chuvoso e frio a ideia de tristeza e apenas o aconchego de uma lareira ( nada de recuperadores de calor) , de uma simples chávena de chá quente, de um cobertor ( que em nada substitui o amor ou o carinho) serve para o dia perfeito.
O cair da folha serve de desculpa para a queda do cabelo ou a recaída na depressão. Essa é a forma mais simples de fugirmos a melhores e mais reais explicações e à custa desses lugares comuns da idiotice humana caímos em certezas assumidas, por profissionais das coisas, que ajudam a tirar o sentido das magníficas hipóteses que temos de dar a volta.

Acabo esta minha dissertação a afirmar que qualquer das quatro estações serve para ser feliz e que se a folha que cai morre, fertiliza a árvore que lhe deu a vida para que torne a verdejar vezes sem conta e deixem-me ter a esperança de que em cada nova folha estará um pouquinho da folha atrás caída...

Da vossa outonal amiga;

GU