sábado, 9 de julho de 2011

Era uma vez...

..um dia que tinha nascido sem amor.
Não tinha significado o nascente, nem sequer tinha o poente.
A dor do sentimento sem explicação, quase sem tradução...
A partilha desconexa e aberta em ferida, sem remédio.
E a beleza fugidia a tomar o protagonismo desse dia.

A longevidade do devagar, do andar sem sentido.
A paragem da paixão a mirrar-se.
Agora para futuro: o amanhã eterno que não se quer e não se pode dar.
O espelho que não quer projetar a sua sombra.
E por fim o desespero de se ser o que não se previu.

A vaga do sonho morta ao nascer.
A praia que não a alberga, só a enaltece.
Porque o que não nasce, pode-se inventar.
Brincar a adivinhar o que se podia ter feito.
O fumo do fogo que não se acendeu.
E a fragilidade do eu sem ti.

Admito que quero o que não se me destinou.
Choro e rio na praia deserta.
Mergulho na vertigem do azul do céu.
Rodopio ao som da tempestade.
Retiro o que quis dizer.
E afirmo que o voltarei a fazer.
Vezes com fim...

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