segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sem título...

...ou antes sem coragem para pôr o título, porque mais uma vez vou fugir ao tema. Mas agora a culpa não morre solteira, porque este afastamento deve-se à provocação da minha amiga F. que, depois de ler a minha última mensagem sobre o amor, perguntou porque não escrever sobre o ciúme ? Ela lá saberá porque teve essa ideia...
E, como comigo "o pobre pode ir sem esmola, mas nunca sem resposta", aqui vai:

Minha amiga F.:

Disseste-me da última vez que estivemos juntas, durante uma intensa e produtiva cavaqueira, que nunca sentiste ciúme. O lugar comum que de imediato me assalta é que, se calhar, nunca amaste verdadeiramente, porque parece que os dois sentimentos andam quase sempre de mão dada, para os mesmos lados. Mas esse advérbio "quase" está aqui presente por duas razões imediatas, porque há-de haver outras...A primeira e, sem necessidade de cair nas tuas graças(porque já caí?), é a de que só quem não convive contigo poderá pôr em dúvida a não existência desse grande sentimento ( Refiro-me ao Amor), na tua vida. Depois e, não menos conclusivo, porque não acredito que o ciúme esteja sempre implícito ao amor, ou seja, há quem sinta ciúmes de alguém que não ama. Porque na vida, os sentimentos servem várias causas. Por isso digo que o ciúme pode estar ligado à vaidade, ao egoísmo e, sem me querer repetir, ao amor próprio...
Claro que aceito que possa acontecer o oposto e, que o sentir ciúme de alguém, nos leve a ter a certeza que é também amor o que nos une . Estou a fazer-me entender?
Não quero também deixar de lembrar que a tua suposição(a de não sentir ciúme), poderá, na tua opinião, estar inerente a duas questões: talvez a outra pessoa nos ame mais ou, quando a confiança impera, não há espaço para o ciúme.
Mas para isso, cara amiga, teremos de falar de ciúme doentio, que não se compadece com provas contrárias. E não há confiança que resista a uma suposta traição. E esta traição, bem comprovada, fere seguramente o amor. Como vês, não consigo falar de um sentimento sem envolver outro e outro e...
Por isso te peço ajuda e, venham mais cinco(ou dez), dizer que eu estou errada, que terei todo o gosto de me deixar influenciar, ao ponto de mudar de opinião, porque este meu blog é isso mesmo: uma exposição de crenças à espera de serem(bem)contestadas ou alimentadas.

À espera do teu e vosso comentário.
A vossa(sem ciúme);
Gu

1 comentário:

  1. Gu, o tema é de facto abstracto como a própria palavra. Enquanto alguém diz mesa e na mente do interlocutor imediatamente imagina uma mesa(embora possa ser diferente da mesa na mente do outro interlocutor) Quando alguém decide discutir um tema como ciúme, esta palavra terá que ser preenchida com os conceitos pessoais dos vários interlocutores e não com imagens. E aqui começa a verdadeira dificuldade em chegar a uma conclusão que possa ser comum a todos.

    Alguns dirão o ciúme é uma doença...outros dirão o ciúme é saudável..o ciúme significa que ama..ou é uma descompensação da auto-estima, ou uma complexo de édipo mal resolvido...e as divergências para este conceito são infinitas.Há quem diga que é um mal necessário numa relação porque é prova de amor e há quem diga que é uma ameaça a uma

    relação saudável e de qualidade.

    Algo que é comum a quase todas as pessoas quando se fala de ciúme é que este é um sentimento que resulta de uma relação amorosa entre dois seres humanos.

    Neste conceito foi quando afirmei que nunca tinha sentido ciúmes e não querendo afirmá-lo sem uma vez mais me colocar sob análise deixo o meu testemunho. NUNCA SENTI CIÚME DE NENHUM PARCEIRO AMOROSO porque sempre considerei que as pessoas que estavam comigo a determinado momento das nossas vidas tinham tomado a opção de assim o fazer como tal nunca poria em causa essa decisão até me ser provado o contrário.

    Porém gosto mais da definição de ciume do sábio Aristóteles que definia o ciúme como o desejo de ter o que outra pessoa possui, isto é, originariamente ele era concebido como uma qualidade boa e referia-se ao desejo de imitar uma nobre atitude característica de uma outra pessoa. Nesta acepção, o filósofo pensava o ciúme em termos de uma nobre inveja.

    Portanto termino dizendo que SIM SINTO CIÚME..sinto ciúme de pessoas como tu que têm coragem e a iniciativa de exporem os seus pensamentos e emoções numa sociedade cada vez mais fechada sobre si mesma e preocupada apenas em dizer o que é politicamente correcto.

    À TUA COM CIÚME

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