domingo, 22 de agosto de 2010

O Inter Rail da Saudade

Começo esta pequena confissão sem saber o que dizer, ou antes, com a ideia de que não irá sair nada que se aproveite...Valha-me a persistência e a pitada de auto-convencimento!

Chego à conclusão de que a vida é uma fatia de improviso. Por esse motivo, estamos constantemente a ser postos à prova: noves fora nada. Vou tomar ( não propriamente ao calhas! ) o exemplo de ser mãe.

Fui presenteada com dois varões, existindo diferença de quase seis anos entre os partos e, devo ter assumido que seria tudo mais ou menos conforme devia ser. Explico: tentaria passar aos meus descendentes aquilo que aprendi com a experiência e, quase nunca, repetir o que considerava mau exemplo na educação dada por meus pais. O "quase" existe porque tenho como norma não ser radical, em linguagem popular "não cuspir para o ar"!

A esperança média de vida nas mulheres em Portugal ronda os 80 anos, mas se fosse o dobro teria mais hipóteses para mudar de opinião outras tantas vezes. Perto dos 50, a vida já me trocou muitas certezas.

Indo directa ao assunto, tenho de admitir que tenho saudades de ser a mãe que manda e é obedecida, mesmo que usando alguma força e sujeitando-me à possível troca :( "-Quando fores ao supemecado bou contigo e bou compar uma mãe nova :(.
Tenho vontade de voltar atrás e tirar partido uma vez mais ou, vezes sem conta, do que foi desperdiçado ou pensado como menos importante.

A colheita do que semeei são dois excelentes filhos, modéstia incluída, duas personalidades opostas. Habitualmente dizia que tinha um Becas e um Egas, embora também nos sentimentos, nunca soubesse qual era qual. E eis a primeira máxima deste episódio: Educação Igual não significa o mesmo Resultado, embora também exista uma mínima : os meus dois filhos têm o mesmo interior, se é que me faço entender. Se não faço, paciência. Este blog destina-se a quem me percebe, peço desculpa...

A "Rua Sésamo" serviu até à adolescência. Ultrapassada essa fase etária, digo que tenho um Che (Guevara e não Gabara) e outro que não o é, mas é tanto o mesmo para mim. Já disse, e repito, que este capítulo é para quem entende o Amor, está bem?

Todos temos um herói, ou um anti. Nem sempre soube é que alguns de nós somos obrigados a ter um, sem o escolher. O meu, o de livre vontade, seria um dos da ficção, tipo o Super Homem ou Aranha, embora não tenha nada contra El Che, o argentino-cubano. Não entendem? Pesquisem, porque eu assim o fiz!

Ao navegar na sua biografia descobri a coincidente asma, aventura, persistência de ideias quase (?) fixas, a revolução e acima de tudo, por tão actual, as duas viagens em La Poderosa, atrevo-me a dizer Inter Rails do passado e tão presente para mim.

Ao cresceres dentro de mim, ao puxares, em direcção contrária, logo de início, pelo cordão umbilical, quiçá por saberes o mundo que não desejas, ao transformares grande parte do que te imprimi num livro mais completo e mostrares que os contrários se justificam, só te posso pedir que me incluas na tua aventura que não quero aceitar, mas sei que tem de ser, por não haver outra forma!

Num dos episódios anteriores ( ver caixa ) disse ter sido informada de que não devia começar o blog a pedir desculpa, mas não sei se terá importância acabar com o mesmo pedido. Vou arriscar e fazê-lo, por esta carta indirecta e ter sido tão cruelmente directa com quem, supostamente, já não me estará a ler, por desistência num dos parágrafos atrás...

Aos que ficaram, o meu muito obrigada e, para ti, o meu beijo especial e único;


Gu ( mãe )

P.S.: "NÃO QUERO NUNCA RENUNCIAR À LIBERDADE DELICIOSA DE ME ENGANAR" - Ernesto Che Guevara

1 comentário:

  1. Decidir ter um filho é algo de extrema importância. É decidir ter o coração, para sempre, andando fora do seu corpo. Elizabeth W. Stone.

    Beijos.

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